Seminário INFO - O Poder das Mídias Sociais

Ainda dá para crer na comunicação de massa?

SÃO PAULO - A proliferação de conteúdo gerado pelo usuário na internet tem levado empresas de comunicação a reverem seus conceitos. Mesmos com os riscos, elas devem abrir as portas para os internautas?

Marcelo Branco, diretor da Campus Party, e Paulo Castro, diretor geral do Terra Brasil, acreditam que sim. Esse foi o consenso a que eles chegaram nessa segunda feira 30 de março durante o painel “Os riscos e as recompensas do conteúdo gerado pelo usuário”, no Seminário INFO O Poder das Mídias Sociais, mediado pelo jornalista Bruno Ferrari, de INFO Online.

Para Branco, essas ferramentas propiciaram uma transformação nas relações humanas semelhantes à experimentada pelos contemporâneos da Revolução Industrial no século 18. “Neste novo ambiente, não há concentração, mas a inteligência, o conhecimento e a criatividade estão distribuídos em rede”, afirma. Com isso, segundo ele, a proposta de que os portais são fontes únicas de informação está sendo superada pela ideia de que o internauta deve ter voz.

Contudo, de acordo com Castro, isso não significa que na internet não exista espaço para esse tipo de veículo. Ao contrário. Para ele, os portais devem ser adaptar à nova realidade e ampliar sua capacidade de interação com o usuário. “As contribuições dos leitores permitem que nós cheguemos a acontecimentos que a mídia tradicional não consegue alcançar”, diz. “E isso enriquece a experiência do outro usuário”.

E, na opinião de Branco, os internautas desejam entrar nessa rede de produção de conteúdo. Ele conta que, das pessoas que utilizaram a internet durante a Campus Party, 70% fizeram uploads de arquivos. “Isso sacode a posição dos intermediários, como a industria fonográfica, que mediava a relação entre publico e artista, e o jornalista.”.

Nesse contexto, Castro admite que as empresas não têm poder de influenciar o que os internautas estão falando a respeito de sua marca. “Mas, elas também não podem se abster de participar das mídias sociais”, complementa. Seguindo essa política, ele diz que no portal Terra praticamente não há controle dos comentários. Apenas aqueles que trazem conteúdo ilegal são moderados.

“Muitos dizem que quanto mais pessoas contribuem, maior a probabilidade de erros. Quem garante que a informação de um veiculo tradicional é precisa? Se o software pensado dentro do laboratório de uma empresa terá menos erros que aqueles desenvolvido colaborativamente?”, diz Branco. Para ele, o ambiente online até facilita a correção de equívocos. “A qualidade é dada a partir dos próprios usuários. Essa é a grande mudança da internet: a pessoa prefere confiar em sua rede de confiança”.

Por isso, Branco diz não acreditar na comunicação em massa, feita a partir de um para muitos. Hoje, ela se dá de pessoa para pessoa e, segundo ele, o desafio é compreender como interagir com esse público novo. O diretor do Terra, ao contrário, não enterra os meios convencionais. “O fato de existir uma ferramenta que possibilite a comunicação de um para um, não significa que a mídia convencional esteja ultrapassada”. Para ele, a mídia social é mais uma concorrente, mais uma faceta da fragmentação do consumo.
Fonte: http://wiki.softwarelivre.org/Blogs/BlogPostMarceloBranco20090330230228



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